segunda-feira, abril 05, 2010 Comment0 Comments



Seu Antônio sempre foi um dos melhores funcionários da empresa em que trabalhava. Ele entrou lá quando tinha 15 anos. Seu primeiro ofício foi de Office boy. Rodeava o centro paulistano pagando e recebendo contas, andando nos paralelepípedos. Estudava à noite, arduamente. Ao fim do curso colegial [como chamavam o ensino médio na época], ele decidiu entrar na faculdade de contabilidade. Foram dois anos de muito e muito estudo para ser aprovado no vestibular da USP. Após quatro anos, estava formado em contabilidade.

A partir daí, ele nem imagina o que lhe esperava. Dois meses após diplomado, seu chefe o chamou para um dedo de prosa muito sério. Era uma das notícias que Antônio mais esperava. Na segunda-feira seguinte, sua nova sala estava a sua espera, toda arrumada, perfumada e com um belo vaso de margaridas. Sentia muita alegria. Era estupenda sua felicidade pelo incremento de trabalho e de salário. Continuou retribuindo com o melhor trabalho prestado à empresa como chefe de contabilidade.

Foram exatos 25 anos no mesmo cargo. Então, a rua já estava como um tapete e os carros já possuíam injeção eletrônica. Uma nova sala: cadeiras mais confortáveis e luxuosas, flores do campo especialmente selecionas e champagne para a comemoração: agora, fazia parte da diretoria. Era vice-presidente. Quem diria que aquele garoto pagador de contas chegaria à vice-presidência? Ninguém, nem eu.

Todavia, ele não era mais o mesmo. Cada vez mais militar. Cada vez mais austero. Algo amedrontador. As curvas aumentavam em sua face e sua alma se afastava mais daquele que fora. Sua esposa já estava saturada.

Certo dia, seu Antônio, ao chegar no trabalho se deparou com uma cena estupenda: no meio do tapete acinzentado, um ramo de uma margarida crescia. Algo fantástico. Trazia um pouco de felicidade não só a ele, mas ao local também. Ele parou e ficou admirando. Porém, surpreendentemente um New Beattle tira as duas vidas presentes naquela situação. Só se vê um cenário de cravos vermelhos.

Moral da história: vivamos cada dia e saibamos aproveitar cada fase da nossa vida, não se esquecendo que os outros também nos são importantes. Quando você menos espera, tudo se vai.

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