Sugestão de Luciane de Paula, pós-doutora em Linguística, ex-professa e eterna amiga.
Era uma vez uma época onde o tempo passava tão lentamente que uma folha demorava dois dias e meio pra cair de uma árvore. Sem ter nada de mais útil pra fazer e porque a vida era deveras entediante, alguns habitantes de um país chamado Fromage, onde se comia muito francês, um produto branco e feito de leite, decidiram que doravante (era tão antigamente que ainda se usava "doravante") todos os assuntos deveriam ser tratados de forma escrita. Além disso, os documentos precisariam contar com a assinatura de um máximo de pessoas possível. Pra passar o tempo ou era isso ou jogar dominó, que ainda nem havia sido inventado.
Era uma vez uma época onde o tempo passava tão lentamente que uma folha demorava dois dias e meio pra cair de uma árvore. Sem ter nada de mais útil pra fazer e porque a vida era deveras entediante, alguns habitantes de um país chamado Fromage, onde se comia muito francês, um produto branco e feito de leite, decidiram que doravante (era tão antigamente que ainda se usava "doravante") todos os assuntos deveriam ser tratados de forma escrita. Além disso, os documentos precisariam contar com a assinatura de um máximo de pessoas possível. Pra passar o tempo ou era isso ou jogar dominó, que ainda nem havia sido inventado.
Após duzentos e quinze anos de discussão sobre o tema, que precisou ser
aprovado e reaprovado em dezoito instâncias, três velhos (e très velhos) sábios
fromageiros tiveram a ideia de fazer um concurso mundial para unificar a nova
filosofia e criar um nome para ela. Foram chamados pensadores de vários países:
da Vodkaput, de Macarronni e até do Bacalhauau. Apesar do tempo recorde para
criação e envio dos convites, apenas três gerações e meia, os bacalhauaueses
não puderam participar, pois estavam ocupadíssimos aperfeiçoando a fórmula do
pastel de nata e planejando descobrir o Sambrazyl dali a alguns milênios.
Mas eis que o concurso finalmente foi realizado. E o forte cheiro de francês
fresco servido à volonté durante o evento atraiu um grupo de quibes
que passava por perto. Três deles, Arkiv Odossier, Karim Baqui e Passam Anham,
alegavam ampla experiência no assunto, queriam participar das discussões e, se
bobear, faturar a premiação, ideia vetada pelo imperador Sharkozzy Osbourne.
- Trouxeram CPF?
- Não.
- E inscrição assinada em três vias?
- Também não.
- Passaram no cartório pra autenticar a assinatura?
- Passamo não.
- Fizeram uma procuração para delegar poderes a algum dos presentes?
- Fizemo não.
- E os trâmites, seguiram os trâmites legais?
- Seguimo não.
- Enviaram o dossier pelo correio junto com um cheque?
- Enviamo não.
- Carimbaram os documentos com o supervisor?
- Carimbamo não.
- Ah, assim não vai dar pra participar. Vocês não trouxeram nada.
- Trouxemo sim.
- O quê?
Dito isso, os quibes sacaram suas cimitarras e saíram barbarizando mutcho
locamente. Fatiaram os fromages, desenrolharam os vodkaputos e picotaram os
macarronnis. Só deixaram vivo o arquivador oficial do reino, o velho e surdo
Craciia, encarregado de anotar o ocorrido.
- Craciia, registra aí na ata que esse sistema administrativo não nos apetece,
tá bom?
Craciia anotou "o sistema é antigo, parece, mas é bom".
- E na sugestão de nome, escreve que é coisa de burro.
- Churro?
- De burro!!
- Murro?
- De burro, Craciia.
- E na sugestão de nome, escreve que é coisa de burro.
- Churro?
- De burro!!
- Murro?
- De burro, Craciia.
Ele anotou. E em seguida foi devidamente laminado pelos quibes, que
disseminaram pelo mundo aquele documento, supostamente uma ode contra o sistema
criado pelos fromages. O problema é que eles não entendiam tchungas do que
estava escrito.
Moral: Era burro o Craciia. Mas não apenas ele.".
1 comentários:
ADOREI!
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